terça-feira, 11 de novembro de 2008

A pedra e a rua


A pedra caiu. Atrapalhou o contingente de carros que passava naquela estrada movimentada numa noite de julho.
Atrapalhou?
Ela veio do alto do morro, da altura de um prédio de 25 andares; era grande demais pra ser levantada. O fluxo teria de ser interrompido.
Os andarilhos que viram a cena juravam que o monstro que marcava o chão e impedia o andar dos carros, desceu pequeno - um delicado pedregulho. Eles detalhavam em alto e bom som, a forma que inúmeros outros materiais agregaram-se aquela jovem forma rígida do alto do morro.
Desceu pesada, acertou quase 14 pessoas que tramitavam ao seu redor e, por fim marcou a rua.
A rua, estática e, por sua vez, também pedregosa, detinha, agora, um aspecto dilacerante. Talvez, aquele pedaço de asfalto abaixo de um morro, sempre soubera que, algum dia, não seria apenas carros a passarem velozes em suas curvas.
Talvez soubesse que marcas ainda se formariam, falhas em seus meandros. Sabia que algo ainda atrapalharia sua real função.
Mas caiu, e marcou fundo. Hoje, agentes da prefeitura da cidade metropolitana e as 14 pessoas quase feridas, tiraram a pedra de seu lugar – Um exímio trabalho de meses.
Refizeram toda a rua, e aquela estrada refez sua razão; os carros voltaram a passar e os andarilhos ainda contam a fascinante história nos bares à beirar a estrada.
Mesmo pavimentada, e com o seu rápido fluxo de volta ao normal, aquela rua jamais seria a mesma. Da estrada emanava uma história, e do seu asfalto, uma marca permanente. - machucados que tocaram. Toques que machucaram.
E a pedra?
Sólida e fria, continuou com grandes pedaços antigos do asfalto da velha estrada. Das conversas dos passantes, ouve-se, ainda, que ela continua a marcar outras ruas.
Quanto à rua?
Ainda se pergunta se preferia a pedra a marcar ou aquele velho fluxo de carros.



Lucas G.

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