quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Cecília


Foram apenas duas horas.
Horas que não vi passar.
Instantes de silêncio,
Anotações e mais lembranças.

Talvez, não saiba o quanto notei.
Sua raiva latente,
Sua decepção com uma vida
De costumes- à flor da pele,
Fraquezas e sofrimento.

Sim , eu com apenas 19 anos
- como você tanto dizia –
Sem poder prever nada
E ter muito tempo para não me utilizar disto.

O dedo que aponta a desilusão,
Os devaneios e olhos cheios de lágrimas.
A descrença nos semelhantes,
A negação e o enrijecimento.

A vida solapou sua cara,
Mas dos sorrisos ainda tão presentes,
Sinto vontade de viver.
E viver, de fato.

Sem premissas,
Descrenças e pensar em outros.
Quero sim, conhecer-me.
Olhar-me no espelho e reconhecer meu nome.
Ter reflexo, deixar de ser vulto
A cruzar os tantos.

Tenho pouca idade,
mas vivi muito
e nada.
(meus antagonismos
paradoxais)
Tive certezas e ilusões
- Ao mesmo tempo.
Eu me esqueci.

Sua face, hoje, mostrou-me
Que há opções que só destroem.
v-a-g-a-r-o-s-a-m-e-n-t-e.
Entendi os processos,
A instabilidade da amargura humana.

Mulher feita
- Da dualidade das atitudes,
Do não se deixar abater
- Fez-me crer que ainda não fui compreendido.
E estou tão longe de ser.

Você retorceu meus dogmas,
Reorganizou preceitos,
Estrangulou verdades.
Isso tudo em duas horas.

Hoje, não ganhei uma amiga,
Mas sim um exemplo.
O mundo não estava do jeito que achava,
E muito longe do que eu queria.
Lucas G.

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