segunda-feira, 31 de maio de 2010

Luiza e Paula

Quero,enfim, dizer que foi bom.
E valeu a pena.
Não sei ser tantos,
sou pequeno e ralo.
E, ao fim, não agradei.

Sou curto também e
quando tenho medo, mascaro -
em faces vermelhas e risadas fora de hora.

Quero assegurar que não fui indiferente por não saber ser e
que fiz tudo por ingenuidade.
Sádico prazer em ser diferente,
um descrédito ácido quando não se tem e
o choro calado das não posses.

Saiba que foi intenso,
até livro pensei em escrever.
Saiba que existiu e descrevo palavras que me faltam.
Enfim, foi meu e isso ninguém tira.

No entanto,estranho mundo gira.
Trouxe canto,
novas cores e
sabor.
Ainda desconhecidos por obra do destino,
mas ganhei esse presente em maré de azar
e não largo até que o contrário mostre a cara.

Lucas G.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nós Dois / Cartola

"Está chegando o momento
De irmos pro altar
Nós dois

Mas antes da cerimônia
Devemos pensar em depois
Terminam nossas aventuras
Chega de tanta procura
Nenhum de nós deve ter
Mais alguma ilusão
Devemos trocar idéias
E mudarmos de idéias
Nós dois

E se assim procedermos
Seremos felizes depois
Nada mais nos interessa
Sejamos indiferentes
Só nós dois, apenas dois,
Eternamente"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Texto Feito em 31.12.2009

Apaga a luz. E deixa o sol queimar. Deixa as mentiras do lado de fora e te veste pra mim.
Te veste do que tu és, e nunca foi. Desfaz tudo aquilo que te disseram, que te botaram. Limpa aquela mancha e te suja (de mim).
Apaga a luz e vê. O tempo que perdemos. A distância que inventamos. Inventa palavra pra fingir que esquecemos.
E esquece. Do corpo que tens e que pensas que não é teu. Veste teu cabelo, veste tuas costas. Veste-te de ti e seja outro.
Seja borboleta, hoje. Brinca de nuvem. Desmancha-te no concreto do céu. Firma os pés no chão e voa.
Confunda tua cabeça com teus poros. (Lê sem usar os dedos. Amplie seu detalhes.)
Reinventa o agora. Distorce o tempo. Contorce a nuca. Comprime os lábios e grita.
Grita pra todos ouvirem. Chama os outros. Faz escarcéu e seja apenas meu.
Ata minhas mãos e me afoga. Entra em mim como canoa ao mar, que se fica à deriva.
Deixa-te e me controla. Dirige-me ao imenso. Traga-me a dor do ser. E a pureza do estar.
Conforta-te em meus peitos e finge que nunca esteve aqui. Transcende. Abusa de mim pra sentir que é verdade.
Minta. Diz que acabou. E goza, entregando aos lábios a culpa.
Cresce, com a força de criança que procura acalanto. Com medo do escuro, chora.
Agarra-te em minhas mãos, em minhas costas, em minhas pernas.
Sinta o prazer que ainda tenho e me completa. Como quem usa o amor de máquina.
E lembra que choras. Enxuga minhas lágrimas.
Dita poema com os pés. Inventa canção de sopro. Beija meus olhos e vira.
Aceita-te como berço, pro meu parto de mim.
Sejamos pequeno, e eternos.
(E que continuemos, na escuridão de nós.)

(Livia Albano)

A beleza era tamanha que não tive como não propagar esse rio de palavras tão lindas.

sábado, 22 de maio de 2010

Parangolés

E bem de tardinha,
alguns me disseram
que ali estaria.

Disseram que
estaria de verde,
eu queria você de azul.

Em juízo de segredos,
contaram que debaixo do braço ,
trazia escritos.
E que todos tinham meu nome.

Afirmaram que o papel tinha cheiro
de areia e de mar.
Relembrava antigos segundos
daquela praia que jamais dividiu.
Aglutinando.
Escritos azuis, verdes e rubros.
Escritos extensos,
Palavras minhas.


A tarde em noite fria,
o vento soprava a criação
de um alguém que nunca chegou perto de ter escritos.
Do menino que inventou estória de começo , meio e fim.

Ainda não sabia muito como dizer,
nem se alguma dia o faria.
Só sei que vieram muitas manhãs.
Veio o lusco fusco e o esfriar da noite.
Até que ficou entendido que aquele conto não
passaria de cores, suspiros e lembranças não escritas.

Passa o vento e remove chão...

Lucas G.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

E não tendo os seus versos,
tive que fazer minha própria canção.

Lucas G.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Trecho da música "De favor" de Luis Tatit

"Embora de favor
morar num coração
é íntimo demais
e o ritmo que faz
de cada batimento
Promessa do momento
É ótimo sentir
poético ouvir
O som que vem do
fundo
Do músculo que é
um dos
últimos locais
de sonhos dos casais
embora no porão
morar num coração
REFAZ"

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vermelho (ou Dizeres)

E você quis as palavras,
você silenciava,
e sonhava.
Sempre em noites de verão.

E então te disseram que seria,
e você acreditava.
Gostoso sabor de verdade,
a espera contida,
como presente de Noel -
minhas unhas estavam ao chão.

Capcioso regalo,
mistura sádica
que não existindo, se justificou.
Me fiz presente,
coloquei pedidos em caixas secretas e
me protegi em cobertores.

Meus contos noturnos,
aquela última peça,
quebrado completo
da grandeza de um não ter
gostoso de sentir.

A despedida implodiu,
conheci o silêncio e tive medo.
Disseram que chorei.

Dos sorrisos, a imaculada certeza de um prazer juvenil.
Do retrato, nostalgia e provocações.
A pureza rasgando o peito,
e dali,
fui em frente
e olhar para trás, relembra vermelho.
Vermelho amor.
Vermelho sangue.

Disseram que chorei.

Lucas Galati

domingo, 9 de maio de 2010

Mingão

E você veio,
arrumou a cadeira,
puxou a toalha da mesa,
quebrou um copo,
e então se foi.

Outra mão,
toca a minha,
conheço a canção.
Amor,
penetra,
devaneia e some,
sem explicação.

Ressurgo,
de cara limpa e
vontade contida,
subtraindo o que compadece,
cultuando aquele último reflexo
na caixa pequena debaixo da cama.

Um outro aquém,
da melodia que não se esquece.
Lágrima divina,
teceu céu e
me deu os sonhos.

No aqui dentro,
floresce.
Feridas que ainda sangram,
sempre então,
flores que estancam,
perfume de casaco antigo,
eterno "Mingão".

A bola em campo,
saio da frente.
Seu choro calado,
o olho de azul perfeito
de um cansado coração.

Memórias nos bolsos,
conversas a sóis,
trazendo o tanto do nunca tido.
Levo comigo
o som da sua voz,
meu grande amigo,
meu velho "Mingão".

Dessa ciranda,
voo preciso,
pego carona na última toada.
Aquele seu conselho sem hora marcada,
segue aqui,
no sempre,
minha vida,
conselheiro "Mingão".

Lucas Galati

(escrito para alguém que me contou segredo de mar, que fez eu olhar pro céu pela primeira vez e apertava a sua mão na sintonia de um abraço)

sábado, 8 de maio de 2010

Blah

Por fim , ainda digo em tom ameno:
Minha escrita não se faz de pontos nas horas certas e travessões indicando diálogos,
e se caso ,algum dia, me contestem,
relerei os escritos e os deixarei mais confusos ainda.
Escrevo em emoção, e por muito , descobri e aceitei que a imprecisão compõe a forma de minhas palavras.
São os poucos que encontram nesse emaranhado, uma vontade de releitura.



Pois bem ,eu fico com os poucos.

Lucas G.