domingo, 25 de abril de 2010

Recado

Será que sabe tudo o que foi?
Escrevo apenas para acalmar esses devaneios.

Feliz tenho certeza que sou apenas por ter conhecido.
Conhecido alguém que soube valorizar,
que viu em uma garrafinha razão para compor música.
Que ligou lá de longe e disse eu te amo - sem medo.

Alguém que despertou uma intensidade há tanto escondida.
Alguém que misturou cores a um quadro imperfeito.

E se, hoje, quer a distância, eu aceito.
E se não ler o que aqui escrevo... Eu respeito.
E, talvez, tenha você apenas em canção
mas cultivo as lembranças e me delicio com os momentos.

Uma pedra que guardo no bolso, um rouxinol que escuto toda manhã.
Saiba disso.

Lucas G.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Promessa

Estamos combinados.
Amanhã naquele mesmo horário e teremos nossas vendas.
Nas suas mãos , minha bagagem e nas minhas, sangue.
Não esqueça do isqueiro, certo?
Minha última esperança. Quem sabe ele não acenda minha alma de volta.
Leve a lamparina, uma lágrima e a lembrança mais recente de beijo que tiver.
Estarei com a corda, com o vento e uma fresta de sol que roubei num dia de janeiro.

Só fale quando eu te pedir,
ande segundo o velho mapa,
ouça as cantigas da Divisa e
Não olhe pra trás.

Falarão de rapto,
de loucura,
virão atrás de nós,
mas a canoa corta a água e
já passava a hora de derramarmos nosso sangue,
queimar os últimos capítulos do diário,
não pensar...estar feito.Pronto!

Da bagagem , a roupa do todo dia.
Do sangue, o dentro mais íntimo.
A lamparina, abrindo o caminho,
uma lágrima recordando o antigo,
do beijo , o romance.

Só então viria a corda,
se um dos corpos enrijecer, que alguém o puxe.
O vento, sensação de mudança e , por fim, uma fresta de sol, caso você apague de vez e só sobre mar e escuro.

Deixo as vendas para o não retorno,
as escolhas foram feitas,
destinos selados de um caminho do não dever.
E desconhecendo faremos uma nova estória,
juntos,
a noite nos cobriremos com os nossos contos,
uma fogueira aquecerá nossos pés,
deitaremos na grana e , no dia seguinte, o coçar não será importante.

Em não dias,
deixaremos de ser.
Inexistirá semanas,
e estaremos sorrindo.
Quando os anos desaparecerem do calendário,
nada nos terá feito mais completos.

Lucas Galati

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sem título

Revirei procurando ,
procurei os não entendidos.
Antigos,
fatídicos, nossos.

Aquele estranhar ,
da época em que os homens ainda se guiavam por estrelas...

Não sentir,
não querer,
dói,
machuca,
silêncio,
deixe-me... só hoje!

A planta cuspiu seu verde,
o amarelo ofuscava o olho
e o vermelho... Ai! O vermelho...
minhas saudades.

Era o crescer impedido,
aos poucos, a posse do não tido.
Em segundos, tinha em não sentidos.
Terminei, não tendo o mais querido.

Ontem , decidi minha nova tatuagem

Lucas Galati

domingo, 4 de abril de 2010

E ter tanta saudade daquela velha calça jeans guardada no fundo do armário.
Aquela mesma... Que um dia se põe e parece que o sol ganha outra cor.

Lucas Galati

sábado, 3 de abril de 2010

Quem sabe?

Poderia ser mais gordo,
mais magro?
E se meus pés fossem menores?
Quem sabe uma plástica no nariz?
De leve...

Posso parar de roer unhas,
esbranquiçar meus dentes,
parar de beber não deixa de ser uma opção.

E se eu nunca tivesse dito,
quem sabe um outro formato as minhas sobrancelhas?
menos orelhas,
mais tórax,
barriga trincada,
olhos de descanso.

Imagine ainda, que poderia desaprender a chorar.
Que a ansiedade pudesse não ser uma constante,
que não tivesse sonhos de amor,
que riscos desaparecessem.

Ao fim , tudo isso faria e
, com o nariz em pé, diria que sempre foram escolhas.
Estranho mentir...
Lidar com o não ser , entende?
Inexistir na essência,
divagar em promessas e princípios -
uma mistura sádica de tentar e não ser.

Lucas Galati