domingo, 9 de maio de 2010

Mingão

E você veio,
arrumou a cadeira,
puxou a toalha da mesa,
quebrou um copo,
e então se foi.

Outra mão,
toca a minha,
conheço a canção.
Amor,
penetra,
devaneia e some,
sem explicação.

Ressurgo,
de cara limpa e
vontade contida,
subtraindo o que compadece,
cultuando aquele último reflexo
na caixa pequena debaixo da cama.

Um outro aquém,
da melodia que não se esquece.
Lágrima divina,
teceu céu e
me deu os sonhos.

No aqui dentro,
floresce.
Feridas que ainda sangram,
sempre então,
flores que estancam,
perfume de casaco antigo,
eterno "Mingão".

A bola em campo,
saio da frente.
Seu choro calado,
o olho de azul perfeito
de um cansado coração.

Memórias nos bolsos,
conversas a sóis,
trazendo o tanto do nunca tido.
Levo comigo
o som da sua voz,
meu grande amigo,
meu velho "Mingão".

Dessa ciranda,
voo preciso,
pego carona na última toada.
Aquele seu conselho sem hora marcada,
segue aqui,
no sempre,
minha vida,
conselheiro "Mingão".

Lucas Galati

(escrito para alguém que me contou segredo de mar, que fez eu olhar pro céu pela primeira vez e apertava a sua mão na sintonia de um abraço)

Nenhum comentário: