terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ei , tem alguém aí?



Eu percebi que gostava.
(Um verbo,
um ato,
uma sentença.)
Encarei a perspectiva de ter vontades,
e essas serem existentes.
Pelos cheiros, pelas cores e gostos,
- ilusões?

E do que eu gostava?
Gostava de ler, de escrever, de analisar os detalhes faciais de desconhecidos.
Amava os olhos, passar cola bastão na mão, o cheiro do jornal, brincar com cera de vela.
Sentia-me vivo ao ver-me necessário, jamais tive filtros e disso corrompeu meu caráter intenso.
Gostava de entender gestos, de dizer sem palavras, de amar em silêncio.
Amava um abraço bem dado, o tácito, o árduo – sempre fui sonhador.

Por outro lado, sempre quis dizer, expor, clarear, entender e definir - eu quis?
Mas há coisas que só a vida ensina,
e dela se aprende que nem tudo é tangível, que a persuasão em certos territórios não pisa,
que amor não é o mesmo que paixão, que costume é traiçoeiro e que diálogo só vale quando já não se pode silenciar.

Contudo, acredito que se reaprende e enxerga que o inesperado não se espera, acontece.
Que delimitações e convenções não existem e que
querer e gostar jamais foram complementos.

Eu gostava ou eu queria?
Se gostava ou se sonhava?
Existia ou escondia?
Do que eu gostava?

Parei de procurar respostas.
Hoje , eu só enxergo perguntas.
(Lembro-me, agora, da minha primeira cãibra e do sugar de uma correnteza)
Lucas G.

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