terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eu não sabia


Procuro não pensar,
Mas será que dizer passa?
Como faço parar,
Eu quero que pare?
Tenho medo do tempo,
Da distância,
Não quero crescer.
Escrevo,
Escrevo
E escrevo - não distraio.
Algum outro artifício?

Saio de um ônibus lotado às 18:00, deparo com uma menina morena de pele clara a ler para mais um proprietário da rua.
Lia alto e com vontade, sem medo do toque, do olho no olho ao olho no livro, desinteressava seus trajes, sua face tão marginalizada - e eu com aquele mesmo pensamento.
Amarrotado.
Sufocado.
Enrijecido.
Entorpecente e
Dilacerante.

Devia eu dizer?
Devia eu gritar?
Gritar o que?
Falar a quem?
No mesmo instante que passo pelos dois leitores, escuto uma única sentença.
- “ Apenas um túmulo que sempre está vazio.”

Sempre vazio.
A olhar meus passos, penso em escolhas humanas, na incompletude dos homens, na fugacidade e no pesar das decisões fugidias, na irracionalidade. O que eu estava querendo dizer-me?

Mais uma vez, chego em casa , jogo a mala e escrevo.
Lucas G.

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