domingo, 7 de dezembro de 2008

Empoeirado


A sutileza da caixa pequena
no fundo do armário.

O recorte da boca na face do espelho,
o adverso de superfícies tortas.

O ser diferente ansioso por semelhanças,
e o melhor esconderijo , aquele do lado do pegador.

Letras e palavras que reluzem pura e constantemente,
a dificuldade de absorção do silêncio, do cálido, do gelo.

Porém.
A caixinha abriu-se e de lá saiu
uma carta que há tempos não abria.
Uma folha de papel que tinha prometido
não ter suas linhas mais expostas e seus rabiscos
relembrados.

Ao vê-la, gritei.
E disse. Voz - há quanto não fazia isso.
Disse , invertendo. Disse , ouvindo.
Disse, o amor. Disse, o pesar. Disse ...
Desdenhoso e
engolfado.

Quão estranho,
a carta, agora, não queria se fechar.
Lucas G.

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