

Com o tempo, impõe-se ao menino um turbilhão de anseios, muito diferente daqueles tão sonhados quando o Batman era o companheiro de todos os dias. Entende-se que não haveria reza capaz de suprir tantas perturbações e incertezas. Um mundo, antes tão definido, escancara e bofeteia os sonhadores com promiscuidade, obsessão, intolerância, ira, desejos e inverdades.
E não havia o que ser feito. Agora, seria isso. Um lado crítico aflorado e a descrença total nas palavras da avó que, sem a menor idéia do que se passava, diz com segurança e um abraço: Calma, é só uma fase ruim!
Não seriam fases, e sim permanências. Aquilo tudo se mostrava e não haveria mais preâmbulos e meios-termos. Nada era tão indefinido quanto se pensava, nada era tão estático, o momento havia chegado e uma voz de dentro era sugada para fora.
Uma voz que não sabia o que gritar, mas que tanto podia dizer. Um som unido dos tantos que passavam pela mesma trajetória e dos tantos que não passavam. A música urrava misturas de amores, dos sonhos, lembranças reaparecidas. Adiar e esquecer tinham se transformado em verbos descartáveis - aceitar e entender , entender e aceitar.
Certamente, o medo latejava e a fugacidade de um ciclo , aparentemente, desenhado e planejado rompe-se bruscamente. E nessa tempestade tudo tem de parar, os sons calam-se e de dentro ouve-se finalmente a voz que há tanto tentava sair.
De mim , após tudo isso, talvez menos sabia. Mas a voz tinha gritado como o som de uma parada brusca, como o quebrar de um copo, como a chuva na janela de manhã bem cedo. Saiu , e lá do fundo , avistou-se. Ainda em tons fracos de aquarela, mas de cores radiantes: talvez, alguém tivesse realmente me ouvido.
Lucas G.
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