quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Amor é uma questão de volatilidade



Cada letra digitada retém um significado, um propósito e minha maneira de entender a vida. Tenho como concepção , a falta de entendimento humano para com sua própria essência – fator que amedronta, mas assola .
Para aqueles que pouco entendem de si próprios e do que os cercam, olham meus escritos e vêm a mais pura repetição de temas, de imagens e recursos lingüísticos.
Porém, aqueles que também não se entendem, mas que fazem desse não entendimento algo volátil e permeável, acredito na diferenciação e de uma abordagem singular de cada estrofe. Como um copo de um líquido que assim que cheio até a boca, se esvaziasse em segundos, tendo de repetir sempre a mesma ação para conseguir um copo cheio.
Entendo o ser humano como este copo. Incompleto, encontra nas aparências, no provisório, no inquieto e no irrefutável a chance de se ver cheio. Esquecendo-se sempre que esta estaticidade é fugaz e que em segundos tudo voltará ao vazio.
Às vezes, esses copos enchem-se a base de jatos de desdém e intolerância. Às vezes, o passar da mão em uma pedra cheia de moluscos ou uma única lágrima após um belo poema faz quase o líquido transbordar. Nessa intermitência, o homem-copo encontra no amor a chance de se ver sempre cheio, e junto a isso, cria uma batalha de auto-satisfação.
A batalha é eterna, cega e irracional. Mas permeia desde a maneira de se escovar os dentes até a forma de apagar alguém querido. O copo, ou talvez, o homem esquece que conseguia ver-se cheio de diversas outras formas, não somente a partir de amor.
O líquido passa a ser droga e o encher do copo um vício. Os indíviduos envidraçados deixam de se contentar com sua incompletude. Há ainda aqueles que dizem poder cultivá-la, porém se os bares e as conversas alcoólicas dissessem a verdade o ser humano nem mais aqui estaria.
Ser incompleto incomoda, invade, retorce, distorce e machuca. Aceitar tal fato é abrir mão da crença de que só o amor traz felicidade. Palavras são belas, parágrafos perfeitos, mas o mundo não se fez dentro de um livro ou de uma linda película e aquele discurso sempre repetido, surge como a máscara perfeita e a memória da última vez que conseguiu encher seu copo sem ser pelo amor.
E os copos ali ficam . Na perfeição da retórica, no sigilo dos sentimentos, na reprovação, na felicidade da dor do outro, no choro, na risada, na falsidade e na amizade. Um jogo de encher e esvaziar eterno.

Está difícil ver o amor como solução...
Lucas G.

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