domingo, 4 de janeiro de 2009

Longe e bem longe

Minha vontade era apenas chegar aos confins. Ao distante necessário e suficiente para ver a mudança da vegetação, a chuva encobrindo o sol e este esquentando a boca da criança que engolia junto à risadas as primeiras gotas de um chuvisco matutino.
Na ida os comentários variavam entre “Relaxas” e freqüentemente saltava a cabeça as longas vinte horas. Queria um lugar distante, com pessoas diferentes e de uma beleza jamais vista - e por ter conseguido, a quantidade de horas, naquele instante, era de pouca importância.
Itaúnas, não veio apenas como tudo o que eu esperava. Foi mais do que isso. Foi como um abraço materno ou o balançar na rede em um entardecer,diria até, a sensação de água salgada na boca. Itaúnas foi além de tudo, foi aquilo que precisava. Foi, enfim, meu sossego.
Não mereci o decorrer do passado, mas tiro dele grandes estórias e algumas verdades e vejo o quanto foi necessário. Ter, hoje, a chave de tantas portas e carregar consigo o ritmo de tantos corações transformou 2008 em uma tatuagem, e não mais uma cicatriz.
Nesse final de ano, outros tapas e mais caixinhas . Dessa intermitência, detive a beleza de ainda poder esperar, de ainda poder acreditar no improvável e saber que o mundo é muito maior do que minha vida, e minha vida jamais pode se equiparar ao mundo.
Lidar com seis novas pessoas, transitando entre diferenças e semelhanças durante dez dias foi minha última caixa a ser aberta. Das peças ali de dentro , pouco conhecia, porém sentir delas o carinho, o conforto, o respeito, valeu mais do que palavras formalmente ditas ou reciprocidades desejadas. Foi um movimento natural, o último pincelar de um quadro surrealista. Minhas verdades, meus dogmas e realidades não eram sólidos - mesmo eu tendo os querido assim.
Areia, aranhas, aromas, amores, armas. Encontrei sentidos, Itaúnas trouxe à tona minhas características perdidas e uma saída de frente, com os olhos bem abertos, ao ano passado e um passo bem sujo de terra molhada ao ano que adentra.
Ganhei flores, amizades e coragem. Não havia mais dúvidas, Itaúnas mostrou-me um caminho. E não era mais de terra batida. Era novo. Um novo desconhecido – era arrepio, era fresco e galgável.

Lucas G.

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