sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Dali



Por aquelas bandas, o ar é rarefeito.
E as pedras são de tamanha espessura
que nem água mais passa.
Tudo ali é intacto
e o pó nem mais se acumula
- Por lá, as coisas já não se repetem.

Os que adentraram
Dizem que ali nada acontece,
Que tudo
simplesmente existe.
Que se é somente,
E sendo, a vida
Transpassa limiares e
Extingue o tocável.

As flautas dali
São feitas de nuvens.
Músicas que não se dança,
Ritmo que se sonha.
Apenas e só.


Não se sabe
se de lá de dentro
Habita-se a normalidade,
Ou se por ela, a claridade entra com mais facilidade.
Ainda assim,
Os de lá,
Do outro lado,
Do extremo,
Aqueles do oposto,
Quando ali caminham,
Vagueiam sem ver um palmo a sua frente.

E dos toques fazem-se os olhos,
A íris recria e inverte na tranqüilidade
De não saber onde se está.

Das paredes
Criou-se as caras.
Da rigidez de pedra,
Do ferro e cimento.
(As lágrimas da armadura nunca saem.)

Dentro da pele,
Ultrapassando os ossos,
Os mascarados homens,
Carregam uma maldição:
O coração mais vulnerável de todo o mundo.

A seriedade de uma alegria incabível.
A tristeza em risadas.
Os abraços dos olhos fechados.
As lágrimas de argila.

O desespero habita?
A resposta é a mesma encontrada
Na adstringência de uma fruta.
A si... nada,
aos outros...
Sim,
nestes os ombros sempre carregados de culpas.

E o coração em ritmo desenfreado.
Lucas G.

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