sábado, 1 de agosto de 2009



Carlos, menino de rio. Doce, a água que dança nos dedos de um pé moreno, de um equilibrar inato nas pedras daquele águão que caía. Não era chuva. Era doce, como Carlos. Água doce. Desce céu, vira morro, cai em forma de menino, nos dedos e das pedras.
A macambira nas mãos de sol. Um cumprimento apertado, talvez, o bater simultâneo de corações doentios. Um abraço. A macambira e as mãos molhadas. Um refresco, troca justa, a pura fotossíntese humana.
Mãos de macambira envoltas em água, em corpos. Natural orgasmo fagocitando sinestesias. Carlos e a flor. A flor e as mãos. Nativa. E bela. E única – na frieza dos homens dos altos saltos.
Obsoleta, trivial. Às vezes, simplista nas mãos de Carlos. No som da água que caía. E não era chuva. Apenas a voz que cada pedrinha cuspia. O som que apenas Carlos dizia. Som de vento. De água. Voz de flor.


Lucas G.

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