terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dúbio pensar


Gostinho de café logo que se acorda. Cheirinho de lavanda ao abrir porta de lavabo. Roupa passada ao aroma de sabão de coco. Uma flor pela primeira vez notada. Voz bonita sem saber o dono. Barulhinho daquele primeiro movimento quando olhos se abrem. Um carinho de maneira secreta. Um beijo lento, tônico aos lábios.
Uma ligação inesperada, uma carta endereçada ao seu nome. Um abraço de saudade. Lágrimas sinceras. Um dia triste. Outro feliz. A alegria ao ver o mar. Não esperar e obter. Arrepio de água-fria-cachoeira. Edredom no inverno, temperatura perfeita. Ventilador no verão, acariciando pêlos. Comer quando fome se tem. Um filme de final confuso seguido da roda de cerveja e discussão. Epifania. Alguém querendo sorrir, outro fazendo você sorrir. Perdoar ou ser perdoado. Arrepender-se.
Das palavras, memórias se tiram. Passado e associações. Sinestesias enfurnadas dentro de um pensar humano. Enfadonho incansável.
Estranho foi aquela menina ter me perguntado, naquele exato dia, como era o gosto de paixão. Repeli, no primeiro momento – piegas. Em casa, pensei. Retorci as inúmeras analogias, vomitei em silêncio: “ Eu nunca uma podia ter vivido. Não haviam me deixado? Eu as vetei?”.
Sem respostas. Um telefone mudo, ou talvez, ocupado. Uma carta de via única. Um abraço gelado. Um beijo de lábios cerrados. Um não poder. Desculpas. Inverdades invenções. Off line. Outros momentos. Tristeza. Diária, diário e sentinela. Pés no chão, mãos de ferro. Pílulas. Pornografia. Punheta. Aspirações. Desejos – oníricos. Terreno aliciado, saída precisa. O vermelho , logo ali, corrida. Suor. Olho no olho e só. Passou.

Amargo. Era o gosto. Dia seguinte, não a encontrei para dar a resposta.


Lucas G.

Nenhum comentário: