sexta-feira, 13 de março de 2009

Diadorando/ Zé Modesto



"Tempo, inteiro de tantos dias,

contou-me num desses tantos

que a vida escolheu o sertão

escuro e frio do humano

e lá tratou de esconder

calor de intenso tutano

difícil de campear


garimpeio e o verbo em pena

vagou no vão das palavras

confins de terras, secume,vazio intenso das almas

pro esteio dos Campos Gerais

ganhar no aprumar da vista:

paragens de terra plana


depois de tanta procura

no farto ralar dos calos

no pó passado das pernas

se ver, chegança de espera

nos pés o cerne do andante,

o ser e estar do trajeto


e o tempo velho então disse

que o que balança as carcaças

e torna o pulso pra os homens

é arte feita em palavra:


o que se chama poesia


que em todo canto tem fonte,

nascentes no mundo poucas

e nas Gerais deixa os versos

escorre beleza em prosa


é o verbo pintado humano

em tons de Guimarães Rosa!"

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