quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O não silêncio

O cigarro aceso no escuro. A janela aberta e a fumaça levando o vento. Um rangido de cidade, um barulho de porta abrindo. Um bocejo, uma gota de água na pia.
Barulho repentino ensurdece o não silêncio. Janela fechando. O não silêncio perdido. O repente som enegreceu a percepção dos assovios da noite. Calou os pensamentos de janela.
Sabido estava, que a janela fechada minha não era. Alguma outra, de um outro alguém, se fechando em meio a noite. Silenciando o meu não silêncio, rasgando as notas mínimas ouvidas ao alguém, antes, tão atento.Um outrem calava a minha noite.
Uma tragada longa. Um susto perfazendo-se em gotas, desnudando aquele momento em um eu ressabiado. Circundava o ambiente, olhava o fora e algo procurava. O alguém, o barulho ou a janela.
Ninguém. O não silêncio retorna, ouvem-se novamente as gotas da pia, as notas da metrópole. Porém, alguém. Sabia de fato. Alguém ali tinha o visto. A janela já não era mais sua, aquele não silêncio já não era seu. Joga o cigarro na privada. Alguém. Alguém tinha o visto. Alguém fantasiado de ninguém. De som. Da janela. Calando e sumindo. Em meio à noite, de dentro da metrópole. Do seu som. De dentro daquele não silêncio. Antes, seu. Agora, de ninguém.

Lucas Galati

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