sábado, 19 de setembro de 2009

Como a tora, como fogo e cinzas.

De promessa feita, tiro as claves desta canção. Como aquela semana de insônia, como a face de mesmas vezes, como aquele resto de fogueira, que depois de tamanha labareda ficam toras. Vermelhas, pulsando em agonia. Saudosista madeira, lágrimas de luz; de fogo, queimando por tudo aquilo que já foram. Tora chora fogo. De tal maneira, que difícil fica definir se ali em meio a tanta luz existe ainda a primeira tora ou se tudo já não se passa de lágrimas. Lágrimas de fogo. Lágrimas em fogo. Em tora.
Mas a madeira vê-se a si e só. Queima por razão natural. Estopim de forma retesada, de vida contada, porém de um estória que vai além. Além daquele pedaço ainda frio. A tora emana de si os maiores contos do mundo, expelidos pela labareda, chorados em rodas, em amarelos, azuis e vermelhos. Chorados em fogo.
De promessa feita, queimada está a última estória. O fogo foi tão grande, iluminou, esbravejou , mas, hoje,em cinzas. De promessa feita, cinzas não mais ocultas. A tora, hoje, lembrança. O fogo, as maiores sentimentalidades. Queimaduras pelo excesso de palavras, de um contingente de detalhes inoportunos. Daquela impossibilidade cega e verossímil. A tora apagou em lágrimas. O fogo escorreu de dentro e rachou-se em cinzas.
De promessa feita, emancipação. Fogo lacrado, estórias, contos escritos no caderno velho. Da saudade e das gostosas lembranças de um futuro de outras toras, fogos e cinzas. Porém , outras. Aquela fogueira há muito apagada estava, apenas eu não via.

Lucas Galati

Nenhum comentário: