domingo, 13 de setembro de 2009

Entre alcoolicos cigarros e grades em dia de chuva

E exemplos já não faltam frente aquilo que não se quer. São os beijos, são sorrisos, mãos e dentes a mostra. Um arrepio na espinha – não se podia assim ser.

Uma felicidade regada a álcool da pior espécie, veias drenando matéria morta. Purulenta. Organismo cuspindo altas doses de líquido e só. Já não se cuida, não importa. Não se podia dizer feliz. Desaprendido estava.

Traça roendo livros, os tantos na estante. Nem literatura, cinema, artes. Seu corpo estava salobro, sua mente afogada em descrença.

No fim da tarde, o cigarro entre as grades do banheiro. Em frente, a cidade em dia de chuva. O barulho de água e seu líquido caindo em cinzas, em lágrimas. Não era a falta de palavras, essas sempre em riste. Agora, porém, até elas enfadonhas estavam. Eram redundantes. Mesmice de final sabido.

E tudo sempre acabava nos cigarros, em grades e altas doses de água, resquício de noite anterior.

Na mente, as vagas lembranças de felicidade drogada. De sorrisos esquecidos. De uma raiva latente e indesejada. Mais cigarros e aquela água encarcerada em corpo e caindo lá fora.

Cospe, olha-se no espelho para assegurar se ali ainda estava e vai dormir.

Na privada, boiava líquido de dentro. Lá fora, ainda chovia.

Lucas G.

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