quarta-feira, 20 de maio de 2009

Questiona o profissional do riso


O ator das sete faces,
resíduo humano
fagocitando partículas,
resquícios,
mercúrio.

Daquela última máscara
o encaixe imperfeito.
Surpresa marginal,
sussurando no rodar dos ponteiros:
Astonishment,
astonished.


Todos os outros mimetismos do ator:
pertinentes , exatos, quem sabe até, milimétricos.
Linhas traçadas,
matéria pintando a cara,
borrão de tinta intelígivel ao profissional do riso.


Mas não aquela última,
um entendimento todo errado,
do avesso,
fictício,
rasurado
- Amassa,
amassa...


A última máscara transfigurava-se naquilo tudo que eu mais fugia,
naquilo tudo que você temia,
e o ator queria dizer,
ele queria.

Mas da solidez daquela última máscara fria,
não houve estilete que sangrasse uma boca sadia,
palavras - múrmurios e
instintos calados.

Em silêncio, o ator e sua proteção fingida transitam em tênues limiares,
dos tantos: Não saber
e se enganar ou
ter ciência,
porém optar pela ignorância intransitiva.


Até que ponto vale a sinceridade a este ator sem o dom da fala?




Lucas G.

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