terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Viés



As gotas já não vinham mais dos olhos,
Os olhos mergulhavam em muitas cores.
De giz ao leve sopro,
Uma cápsula contagiante de vida,
De vento,
De sonhos.
E esta engolida do esmaecimento das palavras,
Do findar das tentativas.

Só agora,
Com você,
Entendi um risco no canto daquela parede.
Só você fez eu ser em uníssono as tantas vísceras,
Palpitando cicatrizes e meu sexo.
- O findar de um ninguém morto,
O nascer de alguém visível.

Aquela cadeira,
Naquele instante,
Dos tantos presentes.
Eu.
Os olhos dizendo,
A boca em chamas,
O medo intransigente.

Novamente um encanto ou
Uma outra cegueira?
Porém, a costura seria de linha fina,
pois o pano envelheceu e o cobertor já nem ajeitado precisava ser.

A chuva não caia mais em afagos, e sim
em memórias de um tempo que me fez,
Que me deu forma de homem e
a mente cuspida dos tantos pensamentos.

Fiz-me gente,
Tornei-me grão
Sem metades,
Sem preceitos,
Com sonhos,
Mas nunca...
Absolutamente nunca mais
de sonhos.
Não sou tão simples para ter essência.

Lucas G.

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