domingo, 7 de junho de 2009

Apenas começos


Uma vida de começos, mas longe dos finais. Nunca um final. Conclusões obscuras e salobras, encaradas, aos outros, como um ponto daqueles que se quebra o grafite.
Nem vivido ainda tinha, esperava, não tinha medo do tempo. Aos outros, o peso e a definição em todo o momento. Mas não era os outros e, talvez, fosse isso que o transtornasse.
Suas diferenças, seus anseios, sua forma de olhar, seu olho, sua voz, por que não uma simples analogia? Uma. Apenas uma.
Por muito achou ter encontrado alguém com aquela tonalidade, com sua mesma forma de olhar, de levantar da cama, de estralar seus dedos. Mas era só mais um começo sem final algum.
Em todos esses finais entendidos abruptos pelo menino, o tempo era sacado do bolso e armado como maior desculpa, como refúgio e solução. Não podia dizer, não conseguia uma palavra soletrar nesses instantes. Quieto, desaparecia. Simples, à francesa e só.
Dentro dele, a vontade de ouvir: Errei! Volta. Mas, o próprio menino, ria. Os filmes já não o apeteciam e as novelas eram a melhor forma de devanear. Para os tantos planetas, para um além, para uma história com algum final.
Aquele menino cansara de seus começos e, cada vez mais, menos se entendia. Adaptara-se aquela seqüência de fatos corriqueiros que davam graça a vida. O gosto do inesperado, o arrependimento, as lágrimas e os beijos. Nutriu-se disso, por um bom tempo. Mas o seu final jamais viera. E, hoje, assim permanecia.
Engraçado... desde pequeno era assim. As idéias vinham, mas nunca as finalizou. Sempre faltou aquele traço, a última bolacha, o estrear da peça, o ponto final daquela crônica. O menino era feito de histórias sem finais. Contínuo, perdura nas páginas velhas do livro do avô lido ao redor da fogueira para toda família e junto aos piares que desapareciam no frio das montanhas. Até eles tinham seus términos. Mas não a história daquele velho livro.

Lucas G.

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