sábado, 1 de janeiro de 2011

Vivo

Sua amiga não se aguentava de tanta felicidade. Ainda na cabeça de menina , o Ano Novo tinha ganho aspecto de nuvens, de uma viagem sem certeza de volta, no jeito doce. Aquela noite tinha começado com uma promessa de seu namorado e terminado em suspiro de muher - forte , intenso e úmido.
Não era mais importante se seu namorado passava na rua e olhava para outras garotas, se já tinha beijado homens, se era magro ou se comia de boca aberta:
- Sabe quando a vergonha desbanca o posto de inconstestável e dali surge o anseio de finamente se ter. De sentir se ter.
Sabe quando à tarde passa despercebida. Vem a chuva, vem os pássaros, vem a Lua e você não quis ver com seus olhos, e sim, apenas dos olhos de uma pessoa. O seu tempo refletia em instantes da inanição mais ativa.
Sabe quando passam a mão pelo seu corpo, sem o toque de lábios, e você se excita.Uma ardência das intensidades mais humanas, pois não precisa mais esconder. Vocês permanecerão escondidos, ele entrando em você. Você guardando os maiores segredos dele.
Sabe quando você esquece da virada de Ano e se joga em um rio frio. Apenas para sentir frio. Ele vai ao seu lado, pois já não sabe se entender sozinho. Sem vícios ou simplicidades transviadas, mas de forma orgânica. De atitude meramente trivial.
Sabe quando você deixou um pouco de você em cima da cama, nele, no banho, em sonhos e ouviu alguém sussurar: Fica tranquila! Eu te amo!

Não. O seu amigo não sabia.

Lucas G.

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