quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O mar de Amado

Lembro de pegar o saveiro quando a tarde ainda caía. De Seu Antônio contando as estórias dos sete metros de carne branca. Lembro de barbatanas costurando as marolas.Rápidos instantes cor de rosa.
Lembro do caminho até a praia e do cheiro de boas vindas do mar. Maconha e areia molhada. Lembro ter tirado uma foto.
Do pouco tempo na terra do olho discreto, fui atrás de caranguejos e nadei com sereias criadas; fiz de buracos na terra, cadeiras de vento. De uma despedida do Sol, um motivo para dar um abraço. Nessa viagem quase disse te amo e entrei em água de rio. Nadei com crianças que voltavam da escola, tomei cachaça da terra.
Corri na velocidade de trovões, escalei montanhas e cortei o pé.No pouco tempo , interpretei colorindo sentidos,pulsões e vontades. Fiz desenhos e algumas poesias. Dancei agarradinho e descobri a congada.
Pouco tempo foi este em terra de ninguém. De peito aberto e trejeitos tão inatos, de malícias ilusionistas, um malabarista de estrofes extinguindo um passado cinza e ganhando asa de gaivota - pose para fotografia.
A intensidade faz falta.Daquela forma. Hoje ganho arreio e tênis de lata. Sou cinza e dizem que desaprendi a chorar. A certeza apenas de um coração bombando hemácias pelas memórias.Pelo um antigo escondido em caderno amarelo.Vermelho. De vento. Amado.

Lucas G.

(texto feito após ler o livro Mar Morto de Jorge Amado)

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