quinta-feira, 15 de julho de 2010

Despedida

- Oi! Vim aqui me despedir! Não sei se estava me esperando. Acho que não, né? Fazia tanto tempo... Você emagraceu? Engordou? Vi que está namorando ? Faz quanto tempo? Sua mãe como está?
É, eu continuo na mesma. Ainda me acabo nas noites, volto andando do Metrô Vila Madalena. Ainda tomo café no Vanilla e mando cartas. Por vezes, passo na sua rua... Aliás , basta apenas algumas para dar aquele aperto e relembrar tudo o que foi . Você se lembra? Lembra mesmo?
Pois é... Não sei a razão de tudo isso. Talvez um romântico de nascença, um poeta melindroso ou um sonhador transviado. Já achei que fosse hábito, já até pensei em vidas passadas, vê se pode?
Hoje, por mais etéreo, faço de consciência limpa. A culpa por inanição não faz mais sentido. Passo e ouço o barulho das folhas secas se quebrando, o mesmo Poodle late pra mim e o porteiro do prédio da frente me olha com cara feia. Mal sabe ele minhas reais intenções: O prazer de não ter intenção.
A nostalgia arranjando espaço em meus dead lines, as saudades poetando minhas apurações.
Pois então, mas hoje não venho mais relembrar. Vim me despedir. Estou indo pra longe e acho que não volto . O meu ponto final, entende? Acho que finalmente consegui. Chegou minha vez de ir lá pra fora. Você sempre soube que nunca gostei de tudo isso. O tempo foi indo e eu não me dei conta. Eu parei nessa hecatombe toda e nunca me perguntaram o que eu, de fato, queria. Aliás, acho que eu nunca me fiz essa pergunta. Olha, mas eu levo comigo as cartas, se lembra delas? Lembra mesmo?
Dessa composição tão imperfeita, faço de você personagem principal. Enquanto o tudo, soubemos entender os rabiscos, acrescentamos cores e fez muito sentido. Para nós. Uma razão obsoleta, um soneto de amantes. Que, hoje, levo comigo apenas no passar rápido de músicas e no vício maldito por tabaco. Pois é, não deixei de fumar, vê se pode?
Agora, também sei apreciar vinhos. E aprendi a assistir os filmes do HSBC. Vou a teatros e tenho lido ótimos livros. Te envio sugestões por correspondência. Ainda posso?
Não quero me alongar. Meu voo sai daqui duas horas e já estou atrasado para o aeroporto. Vim apenas me despedir. Dizer adeus, explicar que foi bom. E que ...
Então,seja muito feliz. Tenho a impressão de que ainda nos vemos. Manda um beijo pra sua mãe. Acho que enviarei cartas, já que sua rua estará muito distante. Acredito que dormirei no metrô, quando a andada não fizer sentido. E das minhas noitadas, acho que acabarei sozinho num quarto de hotel. Ou, talvez acompanhado. Quem sabe me esvaindo em gozo e cansado por aquele mais um. Mas chegou minha vez.
Quem sabe eu me encontro e esse passado deixe minha cabeça.Tem doído demais...
Ai chega! Deixo um beijo pra você e agradeço por tudo. Até o um dia.

Lucas G.

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