quarta-feira, 21 de abril de 2010

Promessa

Estamos combinados.
Amanhã naquele mesmo horário e teremos nossas vendas.
Nas suas mãos , minha bagagem e nas minhas, sangue.
Não esqueça do isqueiro, certo?
Minha última esperança. Quem sabe ele não acenda minha alma de volta.
Leve a lamparina, uma lágrima e a lembrança mais recente de beijo que tiver.
Estarei com a corda, com o vento e uma fresta de sol que roubei num dia de janeiro.

Só fale quando eu te pedir,
ande segundo o velho mapa,
ouça as cantigas da Divisa e
Não olhe pra trás.

Falarão de rapto,
de loucura,
virão atrás de nós,
mas a canoa corta a água e
já passava a hora de derramarmos nosso sangue,
queimar os últimos capítulos do diário,
não pensar...estar feito.Pronto!

Da bagagem , a roupa do todo dia.
Do sangue, o dentro mais íntimo.
A lamparina, abrindo o caminho,
uma lágrima recordando o antigo,
do beijo , o romance.

Só então viria a corda,
se um dos corpos enrijecer, que alguém o puxe.
O vento, sensação de mudança e , por fim, uma fresta de sol, caso você apague de vez e só sobre mar e escuro.

Deixo as vendas para o não retorno,
as escolhas foram feitas,
destinos selados de um caminho do não dever.
E desconhecendo faremos uma nova estória,
juntos,
a noite nos cobriremos com os nossos contos,
uma fogueira aquecerá nossos pés,
deitaremos na grana e , no dia seguinte, o coçar não será importante.

Em não dias,
deixaremos de ser.
Inexistirá semanas,
e estaremos sorrindo.
Quando os anos desaparecerem do calendário,
nada nos terá feito mais completos.

Lucas Galati

2 comentários:

Fontes disse...

Opa, firmezinha?

Curti, gostei bastante da quinta estrofe.

Coincidência, escrevi um poema também com esse título. Palavras começadas com P são poderosas.

Promessa, Palavra, Poder.

Lucas Galati disse...

Que bom que curtiu , mais feliz em descobrir que ainda entra em meu blog!

Gosto de seus textos também, meu caro!

E por aí , tudo belezinha?
hehe
abraços