terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pingente de ouro

Faço de ti, peça minha
Escapulário de Deus tão próprio.
Relíquias daquelas que adentram mar escuro,
já não pedindo voltar.
Ressuscito histórias e as prendo em pingente de ouro.

Sou maré,
conheço o som de ressaca.
Sou peça de mar e carrego em relicário contos antigos,
primeiros encontros.
De marinheiros pegos por Iemanjá, presos pela areia,
escondidos em parágrafos de Amado.

Escrevo por navegantes de pele escura e tatuagem no pescoço.
Homens que de tanta água se perderam em terra.
Homens que desconhecem leitura e,em tempo livre,
fazem poema de frente para a Lua

Homens de mulheres infindas, mas de única amada - Amor de terra distante.
Marinheiros que apenas desconhecem o caminho de voltar.
Vida de mar, retorno em samba. Em choro.
Assim são seus poemas,
Assim são suas marolas,
Assim são esses homens do cais.
Assim sou eu:
maré,
ressaca e amor.

Lucas G.
(poema dedicado à Constance Sotos, amiga que entendeu minha necessidade de solidão)

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