domingo, 14 de março de 2010

Fechado para reparos

Ainda é muito estranho. E o tudo muito mais complicado. Aliás, não apenas o tudo , mas doses cavalares de tanto...Excessos que invertem, ao acaso. Eu tremo agora e já não sei do que tenho medo.E não quero. Enrijeço, desconsidero, mas tem sido tão forte. E cansa... e dói.
A cabeça doente, o coração na boca e a dúvida aniquilando os poucos momentos de tranquilidade. Até uma prova , um veredito,até não sentir água saindo do corpo, ou quem sabe, parar de tremer.
Ter proteção, um aconchego, um entender que deixe a inconstância e se faça presente. Deixar de lado o cultivo de fotografias e lembranças do preto e branco. Ocupar o tempo, fazer uma viagem, namorar.
Faço-me decrépito, um resto de sujeira apodrecendo no canto esquerdo do espelho. Que de tão perto , que por tanto tempo, perdeu o reflexo, e se faz de espelho. Amorfo , numa postura fatídica, num achar despercebido.Quase arrogante. Mas pessoas passam e olham.
Alguns nem ligam, outros nem sabem que existe. Mas há sempre aqueles que farão o possível para limpar e fazer o espelho voltar a ter o mesmo brilho.
Espremer o parasita até sair o sangue, até abrir as patas e dilacerá-lo com uma faca.
Os seres humanos e seus sadismos.
Saudade daquilo que gosto, do cheiro de chuva, do esfregar de mãos dentro de três cobertores num dia de muito frio, uma lareira, o prazer de um ônibus vazio.
Saudade do meu reflexo, do meu espelho. A minha sujeira enegreceu tudo o que lutei para ver refletido. Me fez sombra, vulto. E tento limpar, mas tem sido tão difícil.

E aquela velha estória da madeira e dos pregos não sai de minha cabeça. Tudo estaria cumprido?

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